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Como será o mundo após o Putin?


Quem vai ganhar as eleições russas de 2018? O Putin. A pergunta que você, como internacionalista, deve fazer é: como será o mundo (e a Rússia) após-Putin? Este último é mais um dos czares que os vários impérios russos tiveram e seu governo marcou a identidade nacional pós-URSS, bem como foi seu regime que reergueu a Rússia após a crise cultural, econômica e política da década perdida de 1990. Contudo já é possível pensar no mundo pós-Putin e como a Rússia vai lidar com os desafios das próximas décadas.

Por que Putin vai ganhar as eleições de 2018? Seu principal adversário, Alexei Navalny, não poderá concorrer as eleições (ele foi preso, acusado de corrupção e condenado, o que impossibilita a sua candidatura) além de que na Rússia, não existe uma democracia liberal.

Segundo Fareed Zacharias (2003), para o ocidente, democracia significa democracia liberal, ou seja, um sistema político caracterizado não só por eleições livres e justas, mas também pelo Estado de Direito, a separação dos poderes e a proteção das liberdades fundamentais de expressão, reunião, religião e propriedade – essas liberdades estão relacionadas ao liberalismo constitucional.

Nada disso existe na Rússia. Na verdade, Navalny tem sorte, pois os adversários do Kremlin têm o estranho hábito de morrer envenenados ou como vítimas de assassinatos misteriosos como, por exemplo, Boris Nemstov em 2015. Além disso, existe um forte controle estatal sob a mídia russa e mecanismos legais nas eleições regionais como, por exemplo, “filtros municipais”, que diminuem as chances da oposição ao Kremlin alcançar cargos politicamente relevantes.

Putin é um líder político extremamente popular na Rússia. Os cidadãos russos dão mais valor à uma economia estável e ao orgulho nacional expresso em um líder forte do que à democracia liberal. Ações militares em regiões próximas à fronteira russa, tais como a Criméia, só contribuem para a popularidade de Putin, pois tais ações têm como objetivo garantir a criação de um anel de defesa, contra a OTAN, ao redor do maior território da Rússia e impedir que as ex-repúblicas soviéticas fiquem sobre a influência do ocidente.

Segundo Robert D. Kaplan (2013), as ações da Rússia em suas fronteiras próximas, sob o regime Putin, nada diferem das necessidades geopolíticas de Ivan IV (Ivan, o Terrível), Pedro (o Grande) e Stalin, pois quem quer que governe a Rússia terá que encarar o problema dessa massa de terra perigosamente plana que avança sobre os Estados contíguos em várias direções. Neste sentido, Putin estava certo quando afirmou que a fragmentação da URSS foi a maior catástrofe geopolítica do século XX.

De fato, Putin – que sempre viu, como seu principal objetivo de vida, o renascimento de seu país – conseguiu reascender as luzes do Kremlin. Após a sua reeleição em 2018, ele irá governar a Rússia por mais tempo que qualquer outro líder político do país, inclusive o Stalin e, de acordo com a atual constituição russa, Putin não poderá se reeleger em 2024. Isto faz com que muitos comecem a se questionar como será a Rússia pós-Putin. Uma pergunta perigosa, pois pode provocar faíscas na política interna do país .

Os objetivos do Kremlin devem continuar os mesmos após 2018: manter a estabilidade da política interna e expressar poder além da fronteira – a diferença é que o território para as ações políticas se tornará mais instável, pois os desafios estratégicos à frente são muitos (ressurgimento do fundamentalismo islâmico nas fronteiras, parar o avanço da OTAN em direção ao leste através da criação de um anel de defesa ao redor do território maior da Rússia, conter a crise econômica interna e manter o que o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) dos Estados Unidos chamou de “ciclo desvirtuoso de influência russa” nas potências ocidentais).


REFERÊNCIAS

KAPLAN, Robert. “A Vingança Da Geografia: A Construção Do Mundo Geopolítico A Partir Da Perspectiva Geográfica”. Ed. 1. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.


ZACHARIAS, Fareed. “O Futuro Da Liberdade: A Democracia Iliberal Nos Estados Unidos E No Mundo”. Ed 1. Lisboa: Gradiva Publicações, 2003.


VOX. "From spy to president: The rise of Vladimir Putin". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=lxMWSmKieuc>.


Reporters Without Borders for Freedom of Press. "Freedom of Press Ranking". Link: <https://rsf.org/en/ranking>.


PBS NewsHour. "Inside Putin's Russia". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=_AkAZIk73F0>.


CNN. "CNN Special Report: The Most Powerful Man in The World". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=ZZ-Kwr0VFUE>.


DW Documentary. "Moscow's empire - rise and fall (1/4)". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=SgzGLYpykEA>.


DW Documentary. "Moscow's empire - rise and fall (2/4)". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=fSqMpZ5qhz0>.


DW Documentary. "Moscow's empire - Russia's reemergence (3/4)". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=DCgDChqQZwk>.


DW Documentary. "Moscow's empire - Russia's reemergence (4/4)". Link: <https://www.youtube.com/watch?v=RE5AOa_HJiY>.


BURKHARDT, Fabian & KLUGE, Janis. "Dress Rehearsal for Russia’s

Presidential Election". German Institute for International and Security Affairs. Ano da publicação 2017. Link: <https://www.swp-berlin.org/fileadmin/contents/products/comments/2017C37_bkd_klg.pdf>.


JOHNSON, Chase. "Russia’s 2018 Presidential Election". The Blue Review. Ano 2017. Link: <https://thebluereview.org/russia-2018/>.


CHAUSOVSKY, Eugene. "Putin and Russia’s 2018 Election". Stratfor Worldview. Link: <https://worldview.stratfor.com/article/putin-and-russia-s-2018-election>.


BUCOMBRE, Andrew. "Henry Kissinger has 'advised Donald Trump to accept' Crimea as part of Russia". The Independent. Link: <http://www.independent.co.uk/news/people/henry-kissinger-russia-trump-crimea-advises-latest-ukraine-a7497646.html>.


FERGUSON, Niall. "The Russian Question". Foreign Policy. Link: <http://foreignpolicy.com/2016/12/23/the-russian-question-putin-trump-bush-obama-kissinger/>.


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