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Olimpíadas de Inverno 2018

A Olimpíada de Inverno é um evento administrado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e teve sua primeira edição no dia 25 de Janeiro de 1924, na cidade de Chamonix, França. O evento ocorre a cada quatro anos e até um determinado período, os Jogos de Verão e Inverno eram sediados em um único país. Entretanto, com os conflitos da Segunda Guerra Mundial, as edições do Japão e da Itália tiveram que ser canceladas.

Com o fim do conflito mundial, os jogos passaram a ocorrer em nações distintas, mas ainda no mesmo ano. Diversos países já foram palco dos Jogos de Inverno, dentre eles: França, Suíça, Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Itália, Áustria, Japão, Iugoslávia e o Canadá.

A Olimpíada de Inverno deste ano que está ocorrendo em Pyeongchang, na Coreia do Sul, está sendo marcada pela reaproximação entre as duas Coreias. No dia 9 de janeiro, os representantes dos dois países se reuniram pela primeira vez em mais de dois anos, e nesse encontro decisões foram tomadas para a participação em conjunto nos jogos.

A Coreia do Norte anunciou que enviaria uma delegação para participar da Olimpíada de Inverno em Pyeongchang. Com o intuito de promover a participação norte-coreana no evento, a Coreia do Sul noticiou que avaliaria interromper temporariamente, assim como seus aliados, parte das sanções que impôs contra o regime de Kin Jong-un.

Durante a reunião, temas como os testes de mísseis e o programa nuclear norte-coreano foram cogitados pelo responsável da Coreia do Sul, o vice-ministro Chun Hae-Sung, na negociação entre os dois países. Os representantes de Pyongyang disseram que não pretendem debater a questão com Seul, mas apenas com Washington, afirmando que todo o aparato nuclear em posse da Coreia do Norte tem unicamente como alvo os EUA.

Após o encontro, as duas Coreias defenderam a sustentação do diálogo para discutir problemas em comum e atenuar as tensões na península. Em um ato de cooperação, Pyongyang concordou em reutilizar a linha telefônica intercoreana para tratar de assuntos militares.

Na cerimônia de abertura da Olimpíada de Inverno, mais um acontecimento, fruto das negociações anteriores realizadas pelas duas Coreias e pelo Comitê Olímpico Internacional, marcou o evento. Os atletas dos dois países marcharam juntos no desfile de apresentação das delegações, fato que não ocorria desde 2007. Um outro ponto positivo foi a equipe coreana unificada de hóquei no gelo, que contou com jogadoras da Coreia do Sul e da Coreia do Norte, a primeira equipe desde 1991.

Em síntese, “os Estados veem nos grandes eventos a oportunidade de positivarem sua imagem diante outras nações” (PORTELA, 2014, p. 24). O fato de um país realizar esse megaevento mostra as demais Nações à capacidade de comando e a habilidade para melhorar as relações de cooperação. Contudo, o papel desempenhado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) foi essencial para que as duas Coreias viessem a negociar. O uso do esporte como ferramenta de Soft Power utilizado pelo COI, fez com que a cooperação antes desenvolvida em prol do esporte, se estendesse para outras áreas.

O termo “Soft Power” foi empunhado pela primeira vez, pelo cientista político Joseph Ney. Segundo Nye (2009) o Soft Power é uma forma conciliadora ou indireta de exercer o poder. Essa ferramenta política de poder não é de exclusividade apenas dos Estados. Na esfera internacional, tanto o ator estatal quando o não estatal pode exercer o soft power, já que envolve aspectos ideológicos, econômicos, sociais e culturais.

Para o teórico neoliberal, que possui obras relevantes para as Relações Internacionais, o soft power ou poder brando existe quando um ator é “capaz de alcançar seus resultados desejados no mundo da política porque outros países querem imitá-lo ou concordam com um sistema que produza tais efeitos” (NYE, 2009, p. 76). A teoria neoliberal é uma doutrina que acredita nas possibilidades de uma convivência cooperativa entre os Estados. Entretanto, não pregam a paz perpétua como nos moldes de Immanuel Kant, mas sim a cooperação.

Portanto, essa não será nem a primeira e nem a última vez que o esporte foi usado como uma ferramenta para a distensão de conflitos internacionais. No início da década de 70, uma partida de pingue-pongue marcou o início da reaproximação entre Estados Unidos e China. Desde então vários países seguiram o modelo. Índia e Paquistão, por exemplo, que sempre tiveram disputas territoriais na região da Caxemira, retomou as suas relações através de uma partida de críquete em 1978.

Outro exemplo foi à reaproximação diplomática entre Turquia e Armênia no ano de 2008, que resultou de um convite feito pelo presidente armênio, Serge Sarkissian, a seu homólogo turco para acompanharem juntos a uma partida de futebol entre as seleções. Ou seja, a Coreia do Norte não foi o único país que utilizou o esporte para restaurar as conversas com seu vizinho do Sul, instrumento que a história tem mostrado que é importante nas relações entre os Estados no cenário internacional.


REFERÊNCIAS:


DW. 1994: Primeiros Jogos Olímpicos de Inverno. Disponível em: http://www.dw.com/pt-br/1924-primeiros-jogos-ol%C3%ADmpicos-de-inverno/a-2325225 Acesso em: 09 de fevereiro de 2018

Cooperação e conflito nas relações internacionais. Tradução de Henrique Amat Rêgo Monteiro. São Paulo: Gente, 2009.

FOLHA DE S.PAULO. Coreia do Norte aceita mandar atletas para Olimpíada após reunião com com Sul. Disponível em; http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/01/1949047-coreia-do-norte-aceita-mandar-atletas-para-olimpiada-apos-reuniao-com-sul.shtml Acesso em: 09 de fevereiro de 2018

González, S. Diplomacia do pingue-pongue para a distensão de conflitos. El País, Madri, 04 janeiro 2018. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/02/internacional/1514905302_690434.html>. Acesso em: 09 fevereiro de 2018.

MEMORIA GLOBO. Olimpíadas de Inverno. . Disponível em< http://memoriaglobo.globo.com/programas/esporte/eventos-e-coberturas/olimpiadas-de-inverno/olimpiadas-de-inverno-historia.htm> Acesso em: 09 de fevereiro de 2018

MARTINELLI, C. B. O Jogo Tridimensional: o Hard Power, o Soft Power e a Interdependência Complexa, segundo Joseph Nye. Conjuntura Global, vol. 5 n. 1, p. 65-80, jan./Abr 2016.

PORTELA, V. Q. O esporte como instrumento de soft power nas relações internacionais. 2014. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Relações Internacionais) – Faculdade de Relações Internacionais, Universidade Federal de Roraima, Boa Vista.


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