Dia Internacional da Mulher na perspectiva da Diplomacia Cidadã
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O Dia Internacional da Mulher - comemorado em 8 de março - é, ainda hoje, uma data que simboliza a luta pela igualdade de gênero no cenário internacional; cuja importância histórica se reflete no compromisso da sociedade civil, Estados e Organizações a favor dos direitos da mulher.
Tendo isto em vista, as Relações Internacionais são um campo fértil para as discussões que entrelaçam desenvolvimento, economia, gênero e o ambiente internacional. Isto se explica porque em diferentes níveis as mulheres podem assumir o status de ator internacional, desde seu papel como grupo social não mobilizado, a exemplo de migrantes, turistas, refugiadas, consumidoras, trabalhadoras e como grupo mobilizado em organizações internacionais, empresas, ONGs, associações, cooperativas, além de crescentemente estarem inseridas à rotina diplomática na representação de países ou mesmo como líderes de Estado.
É neste sentido que situamos o conceito de Diplomacia cidadã, identificando nele uma estreita relação com os esforços das campanhas internacionais pela defesa da mulher. Segundo Andrés e Pereira (2008), a Diplomacia cidadã traz à tona o papel do envolvimento pacífico de atores internacionais não-estatais na gestão de conflitos. Portanto, esta abrange um conjunto de novos instrumentos de reivindicação e participação política em foros multilaterais, campanhas ou através de denúncias em instâncias jurídicas internacionais.
Em se tratando do Dia Internacional da Mulher, observa-se que a data oferece impulso e visibilidade às iniciativas globais em prol dos direitos da mulher. Não à toa a Organização ONU Mulheres elegeu o empoderamento da mulher como tema central da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e escolhe anualmente um tema prioritário para acompanhar o mês do Dia Internacional da Mulher; abrindo as portas à sociedade civil.
Em 2018, para muitas partes do globo, o Dia Internacional da Mulher chega em um momento de eclosão política, frente ao impacto das campanhas internacionais dos últimos anos, contra violência de gênero, exploração e abuso sexual, a exemplo de #MeToo e #TimeisUp - com origem nos Estados Unidos; #QuellaVoltaChe, na Itália; #NiUnaAMenos, em países como Argentina, Chile e Uruguai.
Do ponto de vista prático, estima-se que o fim da década de 1980 foi o período ímpar para a popularização das redes de ativismo de mulheres no cenário internacional, devido à participação expressiva dos grupos de mulheres em fóruns de política internacional e dentro do continente latino-americano.
Neste caso, não há dúvida que o processo de Diplomacia Cidadã das mulheres atinge novas proporções no ambiente internacional - também em função do processo de globalização; pois, conforme as palavras de Alvarez (2014, p. 62): “As conferências da ONU realizadas na metade dos anos 1990 [...] motivaram milhares de defensoras dos direitos das mulheres na América Latina e ao redor do globo a intensificar seus esforços de organização”.
Assim sendo, cabe reconhecer os esforços de luta internacional de gênero - que se situam no bojo das vitórias comemoradas no Dia Internacional da Mulher - tem potencial para oferecer uma interpretação mais verossímil e inclusiva sobre o papel das mulheres na construção das Relações Internacionais ao longo da história.
REFERÊNCIAS:
ALVAREZ, Sonia E. Engajamentos ambivalentes, efeitos paradoxais: Movimento Feminista e de Mulheres na América Latina e/ou contra o desenvolvimento. Revista Feminismos, vol. 2, Bahia, 2014.
ANDRÉS, Alice; PEREIRA, Izabela. Diplomacia Cidadã In Paz e Diálogo entre as Civilizações. 1ª Ed, Rio de Janeiro, 2008.