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Bem-vindo a Marly-Gomont


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Data de lançamento: 8 de junho de 2016

Direção: Julien Rambaldi

Elenco: Marc Zinga, Aïssa Maïga, Bayron Lebli

Gêneros: Comédia, Drama

Nacionalidades: França


Uma rápida olhada no mapa da África entrega qual país foi o responsável pela colonização de uma boa parte dos países do continente, chegando a influenciar na língua, cultura e sociedade. A França foi uma das potências colonialistas mais predominantes, e conseguiu subjugar inúmeras nações sob seu poder, e, ainda hoje, colhe, direta e indiretamente, os frutos das sementes que plantou em muitas décadas de colonização, cujos efeitos se veem na sociedade francesa, indo da política aos esportes.

O conceito clássico de colonialismo parece distante da realidade atual, mesmo assim, a França possui alguns territórios ultramarinos que, estão debaixo do seu protetorado, não deixam de ser resquícios da época em que Paris era a metrópole de vários territórios. E essa relação político-social cobra um preço muito caro, sobretudo quando se observa a polarização em que a França vive, e que pôde ser observada claramente nas eleições presidenciais de 2017, nas quais a sociedade local foi sacudida pela campanha eleitoral extremista da Frente Nacional, de Marine Le-Pen, mas que acabou perdendo para o político de centro-direita Emmanuel Macron.

Em eleições manchadas pela corrupção e extremismos, uma das pautas mais influentes e debatidas foi a imigração. A França, por ter sido a metrópole de muitos territórios, acaba sendo um destino bastante procurado por refugiados africanos, principalmente pela proximidade da língua. E é esse contraste social de que trata o filme Bem-Vindo a Marly-Gomont, no qual um médico, de origem congolesa, traz sua família para morar na França, em busca de melhor oportunidades e qualidade de vida.

Seyolo Zantoko é o personagem principal da obra, inspirado em uma história real. Já vivendo com sua família em Marly-Gomont, Seyolo tem o sonho de crescer na vida, enquanto seus filhos tem acesso à uma escolarização superior e sua mulher pode desfrutar de um ambiente mais tranquilo e seguro. Contudo, ele não esperava que a própria população local fosse se tornar a principal pedra no caminho para a realização de seu sonho. O racismo dos locais provoca situações constrangedoras para Seyolo e sua família, que sempre são vistos de uma forma ruim pela população da cidade.

Ainda que a obra não tenha a pretensão de promover reflexões mais profundas, é no riso que se encontra a crítica ao racismo. O ambiente descontraído de boa parte do filme, assim como o cotidiano da família, rende boas risadas, pois, afinal, trata-se de uma obra com um ar de comédia. Em contrapartida, depois do riso, vem a constatação da realidade. Enquanto médico, Seyolo enfrenta resistência de colegas de profissão e até mesmo de alguns pacientes que se recusam a consultar-se com um negro africano. Outros até se consultam com ele, mas não acham justo pagar a um africano a quantia pedida. Contudo, os poucos que confiam no seu trabalho não reclamam de absolutamente nada, pois Seyolo é um médico exemplar – embora seja menosprezado.

As críticas presentes em Bem-vindo a Marly-Gormont podem ser aprofundadas na semana Internacional de Solidariedade com os Povos em Luta Contra o Racismo e a Discriminação Racial, que teve seu início em 21 de março, e faz parte de um programa de atividades a serem realizadas durante a 2ª metade da “Década de Ação de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial”, e que foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU). Essa data marca o triste massacre de Sharpeville, no qual rajadas de metralhadora foram disparadas contra cerca de 20 mil manifestantes negros desarmados, quando protestavam a proibição do Congresso Nacional Africano, em 1960.

Esta triste data marca também a bravura daqueles que morreram na busca incessante por melhores condições de vida na África do Sul, país que, por décadas, sofreu com o regime do Apartheid. E, como Seyolo é congolês, nesta semana de solidariedade e conscientização, devemos também lembrar-nos das atrocidades cometidas no Congo, que foi utilizado como safári particular do rei Leopoldo, da Bélgica, e foi palco de enormes monstruosidades perpetradas contra as populações locais, que foram vítimas de um capítulo esquecido da história africana na colonização europeia, e cujas chagas estão abertas – e presentes – ainda hoje.

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