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A Crise Diplomática entre o Reino Unido e a Rússia pelas Premissas Construtivistas


A crise diplomática entre Reino Unido e Rússia foi deflagrada no início do mês de março, quando Sergei Skripal, ex-espião russo, e sua filha Yulia, foram envenenados no Reino Unido por um agente nervoso de fabricação soviética: uma arma química cuja fabricação foi proibida pela Convenção das Armas Químicas, um tratado internacional que entrou em vigor em 1997, e que foi assinado por ambos os países.

Skripal, que trabalhou para o serviço de espionagem russo, foi condenado em 2004 por trair a Rússia em prol da inteligência britânica, mas teve o asilo político consedido pelo Reino Unido em 2010. Com a declaração da primeira-ministra britânica, Theresa May, de que seria altamente provável que a Rússia estivesse por trás do atentado contra o ex-agente da inteligência russa e sua filha, que havia recentemente chegado de Moscou, criou-se um mal estar diplomático entre os dois países, de nível comparáveis apenas com o período da Guerra Fria.

De acordo com a análise de Nogueira e Messari (2008) sobre os escritos de Kratochwil (1989), a teoria construtivista rejeita a ideia de verdades fixas, considerando que as estruturas do sistema internacional estejam sendo constantemente construídas de acordo com a ação dos agentes e, simultaneamente, influencie tais agentes.

Isto fica claro no contexto da crise diplomática entre os dois países, já que a investigação da tentativa de assassinato de um ex-agente da inteligência russa e de sua filha influenciou diretamente na construição da relação entre os dois países a partir de então: vinte e três diplomatas russos foram expulsos do Reino Unido no dia 14 de março, e três dias depois, a expulsão do mesmo número de diplomatas britânicos da Rússia veio como resposta do Kremlin, a Rússia também fechou a sede do British Council no país, sendo esta uma organização internacional que busca promover cooperação de cunho educacional e cultural entre o Reino Unido e outros países.

O desenrolar desta investigação também pode ter sido um fator que influenciou nas eleições de Putin, já que pode ter alimentado tanto ideias de cunho nacionalista (já que se tratava de um ex-agente da inteligência russa, que poderia saber de informações estratégicas da Rússia), quanto também a ideia de que os demais países do sistema internacional enxergam a Rússia como uma espécie de “bode espiatório”, ao qual se atribuiria culpa de forma indiscriminadamente por ocorridos ao redor do mundo. Ambos estes sentimentos são fatores que podem ter aumentado a popularidade de Vladmir Putin no decorrer do processo eleitoral russo, já que o presidente surge como uma espécie de “herói” no contexto político russo.

Por fim, também é importante destacar a forma como esta crise diplomática irá provavelmente afetar a Copa do Mundo da Rússia, que iniciará no próximo mês de junho. Este evento – que tem sido usado como uma espécide de propaganda pelo governo russo – será boicotado pelos representantes do governo britânico, assim como pela própria família real britânica. Esta decisão, que também foi tomada como resposta ao atentado contra Sergei e Yulia Skripal, pode influenciar um possível aprofundamento do afastamento da Rússia do Reino Unido e seus aliados.



REFERÊNCIAS:


BENEVIDES, Marcela. Entenda o conflito entre a Rússia e o Reino Unido no caso dos ex-espiões. O Povo, Fortaleza, 17 de mar. 2018. Disponível em: <https://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2018/03/entenda-o-conflito-entre-a-russia-e-o-reino-unido-no-caso-dos-ex-espio.html >. Acesso em: março de 2018.


KRAMER, Andrew E. Russia Expels 23 British Diplomats, Escalating Row Over Ex-Spy’s Poisoning. The New York Times, Moscou, 17 de mar. 2018. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2018/03/17/world/europe/russia-expel-britain-diplomats.html>. Acesso em: março de 2018.


NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais: Correntes e Debates. 2 ed. São Paulo: editora Campus, 2008.


Theresa May diz que é 'altamente provável' que a Rússia seja responsável pelo ataque a ex-espião. G1, 12 de mar. de 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/theresa-may-diz-que-e-muito-provavel-que-a-russia-seja-responsavel-pelo-ataque-a-ex-espiao.ghtml>. Acesso em: março de 2018.


World Cup 2018: Ministers & Royal Family will not go to Russia. BBC, Londres, 14 de mar. 2018. Disponível em: <http://www.bbc.com/sport/football/43404915>. Acesso em: março de 2018.

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