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O impasse do aço no cenário internacional: uma ameaça ao multilateralismo da OMC


Com a confirmação do anúncio do aumento nas tarifas de importação do aço e do aluminho para os Estados Unidos da América (EUA), grandes setores industriais e os países exportadores de matéria prima demonstraram grande preocupação com a medida protecionista norte americana.

O Brasil, como o segundo maior exportador de aço para o mercado estadunidense e o maior importador de carvão coque (metalúrgico), vem discutindo com o governo americano para não impor essas tarifas ao país. As negociações até o momento são promissoras para o Brasil, todavia é uma exceção. O governo americano justificou sua decisão sobre o aumento tarifário às práticas comerciais de países terceiros, como uma concorrência “injusta” as indústrias siderúrgicas norte americanas e que isso comprometeria a capacidade de resposta a sua segurança nacional.

Posteriormente a casa branca declarou que o condicionamento de exceções somente seria negociado para os “verdadeiros aliados” dos EUA. A questão que se sobre saiu desse posicionamento: é quem são considerados os verdadeiros aliados pelos EUA? A União Européia avalia que o seu mercado não representa uma ameaça a segurança econômica dos Estados Unidos, logo não vê porque os países europeus deveriam ser penalizados por essas taxas e, também não estão dispostos a entrar em negociação no âmbito comercial ou de segurança perante a uma ação unilateral. Todavia, caso não se chegue a um acordo direto com o bloco ou via negociações com a Organização mundial do comercio (OMC), a união européia já possui uma lista de produtos de origem americana que podem vir a ser taxados para importação.

Nesse contexto, é perceptível que a dinâmica teórica da interdependência complexa continua a fazer parte do sistema internacional, fundamentada por Joseph Nye um dos grandes teóricos da perspectiva neoliberal das Relações Internacionais, esse conceito que se dividi em duas dimensões: vulnerabilidade e sensibilidade; pode ser compreendido respectivamente como a capacidade de um ator influenciar na tomada de ações de outros e a potencialidade de resposta de um ator em relação à tomada de decisão de terceiros.

Os EUA tenta galgar melhorias no seu âmbito comercial e de segurança com essas medidas protecionistas, no entanto esse impasse coloca em cheque o próprio sistema multilateral que o país procurou desenvolver durante décadas e esse cenário agrava não somente meios de uma representação conjunta dos países que se sentirem prejudicados na OMC, como também em caso de não haver acordo, de se iniciar uma guerra comercial que não especificamente seria somente contra os EUA e suas taxas, mas consequências de âmbito global pela enchente de ofertas de aço e derivados a baixo custo no mercado, que forçaria outros países emitirem taxas antidumping sobre esses produtos.

Culminando em quedas de investimentos nos setores que utilizam esses materiais, desencadeariam em fuga de capitais, pela incerteza no mercado de ações, desempregos por cortes de despesas das indústrias, uma possível inflação sobre os produtos derivados de aço e alumínio, o enfraquecimento das vias multilaterais que são de competência das rodadas de negociação da OMC e um desgaste político e econômico para uma batalha em que os ganhos relativos em longo prazo dificilmente teriam o efeito diferencial para os envolvidos, até porque o comercio mundial não é uma soma zero.

Observando os impactos no ocidente causados por essa estratégia política, os EUA terão de enfrentar o seu maior competidor econômico - a China - que após a declaração do presidente americano, sobre as tarifas de importação do aço, colocou o mercado de ações das duas potencias sobre forte oscilação perante a possibilidade de inicio a uma guerra comercial. Novas instabilidades nas economias serão notadas pela medida do governo norte americano.


Referencias

NOGUEIRA, João P.; MESSARI Nizar. Teoria das Relações Internacionais: Debates e Correntes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

Rodrigues, Noeli. Teoria da Interdependência: os conceitos de sensibilidade e vulnerabilidade nas Organizações Internacionais,. 2014. Disponível em: <http://www.humanas.ufpr.br/portal/conjunturaglobal/files/2015/01/Teoria-da-Interdepend%C3%AAncia-Os-conceitos-de-sensibilidade-e-vulnerabilidade-nas-organiza%C3%A7%C3%B5es-internacionais.pdf>. Acessado em: 18 de Mar.2018.

EL PAÍS. A Guerra do Aço de Trump abala uma indústria com 200.000 empregos no Brasil. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/08/politica/1520469660_405322.html>. Acessado em: 26 de Mar. 2018.

PLANALTO. EUA vão negociar isenção no aço com o governo brasileiro, informa Temer. Disponível em:<https://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/noticias/2018/03/eua-vao-negociar-isencao-no-aco-com-o-governo-brasileiro-informa-temer>. Acessado em: 21 de Mar. 2018.

ESTADÃO. Tarifa de Trump ao aço e alumínio divide Europa. Disponível em:<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,tarifa-de-trump-ao-aco-e-aluminio-divide-europa,70002220368>. Acessado em: 26 de Mar. 2018.

THE NEW YORK TIMES. The Real Risks of Trump’s Steel and Aluminum Tariffs. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2018/03/01/upshot/trump-tariff-steel-aluminum-explain.html>. Acessado em: 26 de Mar.2018.

REUTERS. The financial impact of Trump's tariffs on steel and aluminum. Disponível em: <https://www.reuters.com/article/us-usa-trade-explainer/the-financial-impact-of-trumps-tariffs-on-steel-and-aluminum-idUSKCN1GE2WK>. Acessado em: 26 de Mar. 2018.

THE NEW YORK TIMES. Wall St. Closes Lower, as a U.S.-China Trade War Looms. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2018/03/23/business/trade-tariffs-markets-stocks-bonds.html>. Acessado em 26 de Mar. 2018.

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