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Do cyberterrorismo à guerra de dados: influência da Cambridge nos cenários domésticos


Inserida na dinâmica de dependência tecnológica, oriunda da revolução técnico-científica e informacional, a humanidade assiste a ameaça do ciberterrorismo, cujo início remonta ao anos 90 com o crescimento repentino do uso da internet, que começou a penetrar na rotina das pessoas em todo o mundo, consolidando a rede mundial de computadores como um dos maiores emblemas do mundo globalizado, mas que, em contrapartida, torna vulneráveis os Estados e seus cidadãos.

Sendo o ciberterrorismo, segundo Jonas Lima (2006), uma extensão natural do terrorismo e que se aproveita da dependência tecnológica da sociedade, entende-se como ciberterrorismo o “uso do ciberespaço com objetivos de aterrorizar com ataques que manipulam falhas por meio de dados e fluxos de informação com fins religiosos, políticos e ideológicos”, de acordo com Jatobá (2006).

Em consequência deste fenômeno, o mundo está acompanhando o que pode ser considerado o maior escândalo envolvendo o Facebook, a maior rede social do mundo. Mark Zuckerberg viu a sua bilionária marca no cerne da frenesi midiática em volta das revelações sobre o uso indevido de dados dos usuários da rede social, manipulados pela empresa britânica Cambridge Analytica que ofereceu os dados de mais de 50 milhões de norte-americanos para beneficiar a campanha do presidente norte-americano, Donald Trump, além de influenciar o Brexit e de outros processos eleitorais como o do México, Malásia e que já estava chegando no Brasil, Austrália e China.

Os fenômenos descritos como “sensibilidade” e “vulnerabilidade” por meio da chamada “interdependência complexa” (Keohane e Nye, 1977), sendo o primeiro referente aos efeitos e consequências das decisões de determinado ator e o segundo das alterações feitas no sentido de custos causados pelas ações dos atores, traduz os efeitos que a manipulação de dados pessoais de cidadãos das maiores democracias do mundo pode marcar o sistema internacional no contexto do ciberespaço, mas que não se resume a isso, uma vez que gera incertezas sobre processos eleitorais cujo a opinião pública foi severamente manipulada.

Embora com finalidades diferentes, é estreita a relação do cyberterrorismo com a manipulação de dados pessoais a qual estamos presenciando, uma vez que são igualmente prejudiciais às democracias e às dinâmicas das relações internacionais em que os dois fenômenos causam conturbações políticas, econômicas e sociais de acordo com Bárbara Johas:


“a participação política, opinião pública e democracia marcam processos pelos quais a legitimidade democrática é retroalimentada nas sociedades modernas marcadas pelo fato do pluralismo social e cultural.”.(JOHAS, Bárbara, 2016, p.3)


O que se espera após as revelações que expuseram as desconfortáveis manipulações dos processos eleitorais norte-americanos e do Brexit com base nos dados colhidos no cyberespaço das sociedades civis, é que os futuros processos se comprometam com a devida transparência perante a comunidade internacional, de modo que garanta a manutenção saudável das democracias.



Referências

ANDRADE, Diogo Queiroz de. Cambridge Analytica, a empresa que manipula a democracia à escala global. Público.pt. Disponível em: < https://www.publico.pt/2018/03/20/tecnologia/noticia/ca-a-empresa-que-manipula-a-democracia-a-escala-global-1807409 > Acesso em: 12 abr 2018.

CADWALLADR, Carole; GRAHAM-HARRISON, Emma. Revealed: 50 million Facebook profiles harvested for Cambridge Analytica in major data breach. The Guardian. Disponível em: https://www.theguardian.com/news/2018/mar/17/cambridge-analytica-facebook-influence-us-election >. Acesso em: 12 abr 2018.

CHAGAS, Morgana Santos das. Ciberterrorismo: as possibilidades da expansão do terror nas Relações Internacionais. Universidade Estadual da Paraíba. João Pessoa, 2012.

JATOBÁ, Daniel. Teoria das Relações Internacionas. — São Paulo: Saraiva, 2013.

JOHAS, Bárbara. O conturbado caminho entre opinião pública, cultura política e democracia no Brasil. Ciência Política e a Política: Memória e Futuro. Belo Horizonte, 2016.

LIMA, Jonas. O Impacto do Terrorismo nas Cadeias Globais de Abastecimento. Ed. Universidade do Porto, 2006

RONCOLATO, Murilo. O uso ilegal de dados do Facebook pela Cambridge Analytica. E o que há de novo. Nexo Jornal. Disponível em: < https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/19/O-uso-ilegal-de-dados-do-Facebook-pela-Cambridge-Analytica.-E-o-que-h%C3%A1-de-novo > Acesso em: 12 abr 2018.

ROSENBERG Matthew; CONFESSORE Nicholas; CADWALLADR, Carole. How Trump Consultants Exploited the Facebook Data of Millions. The New York Times. Disponível em: < https://www.nytimes.com/2018/03/17/us/politics/cambridge-analytica-trump-campaign.html > Acesso em: 12 abr 2018.

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