top of page

Identidade Nacional e sua Relação com as Instituições Estatais: reverberações internacionais da cond


Os avanços dos veículos de comunicação e das tecnologias da informação, notados no contexto de globalização do século XXI, impactam diretamente sobre a condução da política externa de um Estado e sobre a construção da percepção do público estrangeiro acerca da imagem dos países. Isto representa a vulnerabilidade do Estado diante de repercussões internacionais de condutas negativas ligadas a temas sensíveis. Isto posto, os atores políticos internacionais desenvolvem mecanismos de diplomacia pública para coordenar suas relações no âmbito global.

Compreende-se por diplomacia pública os “[...] mecanismos utilizados por um ator internacional com o objetivo de gerenciar o ambiente internacional por meio do engajamento com um público externo.” (VILLANOVA, 2017,p. 51). Essa troca de informações referentes ao posicionamento dos atores internacionais testa o compromisso destes agentes com agendas prementes à política internacional e doméstica como meio ambiente, saúde pública, direitos humanos e questões de gênero.

Em um dos vários episódios que circulam pelas redes, homens brasileiros, vestidos com a camisa da seleção brasileira, assediam uma mulher russa, que aparentemente não compreende português, por meio de expressões sexistas relativas a anatomia do seu órgão genital causou constrangimento global aos brasileiros e às instituições brasileiras.

O The New York Times disse que embora muitos brasileiros tenham se envergonhado com o ato, muitos também reconhecem que este comportamento reflete uma questão preocupante na cultura brasileira.[1]

As manifestações de repúdio e ações deliberadas pelas instituições públicas brasileiras diante do ocorrido remonta à busca pelo ajuste da imagem do país no exterior. Estes mecanismos de correção adotados - seja pela assembleia legislativa de Pernambuco, onde reside um dos identificados no vídeo, seja pelo Ministério do Turismo Brasileiro, seja pelas declarações do Ministro dos Esportes do Brasil, e no posicionamento da Embaixada Brasileira na Rússia – perseguem ao gerenciamento de conflitos referentes ao posicionamento do público externo sobre a conduta dos indivíduos brasileiros. Em contrapartida, problematizamos aqui a representatividade predominantemente masculina das instituições brasileiras como um item que, de certa forma, estabelece o status quo da questão.

Tickner (2008) explana acerca dos impactos de gênero sobre a condução da política externa no Sistema Internacional. Observa-se no Estado, influenciado muito pelas perspectivas realistas das RI, características denotadas aos pressupostos de “masculinidade hegemônica”. A autora define este conceito como “[...] um tipo ideal de masculinidade, baseado em características tidas como masculina, mas na qual poucos homens se conformam.” (TICKNER, 2001, p. 15, tradução nossa).

Neste processo, as expectativas de comportamentos de masculinidade, obtidas a partir de um construto social dominante, enseja a hierarquização das relações humanas colocando a figura feminina numa ordem de submissão, vulnerabilidade e fraqueza.

De acordo com Wendt (2004, p. 289, tradução nossa) “[...] pessoas de Estado são o comportamento e o discurso dos seres humanos individuais que as constituem”, isto quer dizer que o Estado como uma construção social reproduz comportamentos identificados a partir das interações coletivas, históricas e culturais nacionais.

A diplomacia pública brasileira observada neste caso se mostra eficaz diante do diálogo com o público externo. Contudo, respostas vistas apartir de uma mudança no construto social interno e, por conseguinte, sua relação com as condições de representatividade da voz das mulheres nas instituições políticas brasileira demonstra nestas ações um pacto com a ordem vigente. A construção de um Estado configurado diante de uma lógica que beneficia comportamentos concebidos como “masculinos” continuará perpetuando cenas como as observadas no vídeo rompendo a imagem de um país igualitário em qualquer outro evento.


[1] https://www.nytimes.com/aponline/2018/06/20/world/americas/ap-soc-wcup-duping-fans.html


REFERÊNCIAS

VILLANOVA, Carlos Luís Duarte. Diplomacia Pública e Imagem do Brasil no Século XXI, ​Brasília: FUNAG, 2017.

​TICKNER, J. Ann. Gendering World Politics: Issues and Approaches in The Post-Cold War Era. New York: Columbia University Press, 2001.

WENDT, Alexander. The State as Person in International Theory. Review of International Studies v. 30, p. 289-316, 2004. Disponível em: < http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/7726/1/2010_IzadoraXavierMonte.pdf>. Acessado em: 24 de Jun. 2018.





Veja também
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Destaques

Um site que é a cara do curso de Relações Internacionais. 

Notícias do dia
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Redes sociais 
  • Instagram Social Icon
  • YouTube Social  Icon
  • Blogger Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Facebook page
Follow us 
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black Blogger Icon
bottom of page