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A história de Nelson Mandela através da Teoria Crítica


Para comemorar o centenário da importante figura do século XX, a África do Sul organiza um calendário repleto de homenagens para o ativista do movimento contra o Apartheid, primeiro presidente negro da África do Sul e, considerado líder mundial, Nelson Mandela.


Rolihlaha Dalibrunga Mandela nasceu em uma família de nobreza tribal no ano que marcou o final da grande guerra, precisamente 18 de Julho de 1918 em Mnevo, África do Sul. Rolihlaha, pertencente ao clã Madiba recebeu o nome de seu pai cujo significado mais comum é de “agitador”. “Não creio que os nomes marquem o destino, nem que meu pai tenha de algum modo adivinhado meu futuro" (MANDELA, 2012. p,17). Aos sete anos é matriculado na escola e como de costume as crianças recebiam um novo nome devido a cultura africana ser desvalorizada pelos ingleses, considerados não civilizados, surgiu então, o nome Nelson . Designado para o comando de sua tribo, Mandela traça um novo rumo de lutas, dores, persistência e de esperança e se torna peça fundamental para libertação de seu povo. Em 1939, Mandela dá seus primeiros sinais de líder político na Universidade de Fort Hare, primeira universidade Sul Africana para negros, onde cursou Direito, e durante sua formação se envolveu em protestos junto com o movimento estudantil contra a falta de democracia racial.


Nas eleições de 1948 o Apartheid foi introduzido como política oficial, a legislação dividia os habitantes em grupos raciais, segregaram as áreas residenciais, assim como, bebedouros, bancos de ônibus, praças, cinemas, estádios também tinham divisões das poltronas; pessoas negras foram privadas dos serviços públicos de qualidade,foram impedidos de possuírem terra, a participação política e o acesso às profissões bem remuneradas, foram proibidas; placas em toda parte registraram o regime baseado em ódio e intolerância.


O Conselho Nacional Africano (ACN), principal partido negro do país onde Mandela foi grande influenciador, lançou uma campanha de desobediência civil à segregação racial, a falta de direitos políticos e civis e ao confinamento dos negros em regiões determinadas pelo governo branco, contudo, as manifestações não surtirem efeito. Segundo Mandela (2012), muitas pessoas notaram, então, que não fazia sentido falar de paz e não-violência diante de um governo que respondia com ataques brutais contra pessoas desarmadas e desprotegidas, mas antes que o ACN pudesse começar a responder à violência com violência, Nelson e vários companheiros foram presos e levados ao tribunal. Foi condenado em 1964 à prisão perpétua, devido ao agravamento de suas acusações, porém na prisão a figura do líder ganhou força, transformou-se em símbolo contra o apartheid e a pressão internacional contra o regime fez com que o presidente sul-africano Frederik de Klerk, liberasse-o após 27 anos.


Em 1990, Mandela foi libertado e três anos depois foi assinada uma nova constituição sul-africana ainda no governo de Frederick de Klerk, simbolizando o fim do regime. No mesmo ano o ativista recebeu o prêmio Nobel da paz, e em 1994, foi eleito presidente da África do Sul e governou até 1999 . Faceleu aos 95 anos em 2013, sendo hoje reconhecido não apenas como ex-presidente, mas como um líder mundial. O representante percorreu o mundo levando sua mensagem de paz e fim da segregação racial. Os últimos anos de sua vida, sobretudo, últimos anos de governo foram marcados pela busca por aproximar negros e brancos em um desejo de valorização da igualdade humana.


Nesse sentido, a teoria Crítica de Relações Internacionais, tem o objetivo de questionar a realidade existente, como foi formada e suas possíveis mudanças, indagando as instituições, relações sociais e políticas, em crítica ao sistema estrutural imposto, pois assume que não existe nada imutável ou permanente. Seu enfoque é a transformação da ordem internacional, no que se refere à realidade política, econômica e social.


Para Max Horkheimer (1990) a teoria crítica promove a emancipação humana. A realidade pode ser explicada a partir da percepção da sua historicidade até a atual estrutura social analisada, após tal compreensão se poderá iniciar a luta por uma emancipação, no caso de Mandela a emancipação do seu povo do sistema de segregação racial. Para Horkheimer as forças sociais são as mais importantes para transformação da realidade, pois o Estado com poder absoluto produz apenas as transformações que lhe interessa, no caso da África do Sul o domínio encontrava-se nas mãos de uma minoria que subjugava os negros, sob essas perspectivas, pode- se honrar os feitos do ex-presidente.


Robert Cox (1995) evidencia que a maneira que cada um enxerga o que estar ao seu redor, precede qualquer tipo de transformação e incorpora-se ao mundo dos que os constroem. Mandela é um exemplo de quem usou suas dificuldades para tornar o mundo mais igualitário e mostrou que é possível mudar a estrutura imposta. Para o teórico Antonio Gramsci (2000) as ideologias dominantes proliferam-se para qualidade de senso comum e a transformação somente ocorrerá se a hegemonia for contestada e Nelson Mandela contestou até o fim de seus dias.


Referências:

FRAZÃO. Dilva. Nelson Mandela. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/nelson_mandela/>. Acesso em julho de 2018.

MANDELA, Nelson. Um longo caminho para liberdade. Planeta Editora, 2012.

IstoÉ. África do Sul lança 27 roteiros para centenário de Mandela. Disponível em: <https://istoe.com.br/africa-do-sul-lanca-27-roteiros-para-centenario-de-mandela/>. Acesso em julho de 2018.

SILVA, Marco Antonio de Meneses. Teoria crítica em relações internacionais. Contexto Internacional. Rio de Janeiro , v. 27, n. 2, p. 249-282, 2005.

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