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Capitalismo: Uma história de amor


Data de Lançamento: 2 de Outubro de 2009

Direção: Michael Moore

Gênero: Documentário

País: Estados Unidos


A história do capitalismo é recheada de episódios controversos e conflituosos entre as elites do poder em todo o mundo. Embora seja o sistema econômico vigente no mundo, o caminho trilhado até aqui não foi simples ou fácil. Pelo contrário, já que esteve capitaneando guerras, invasões, colonizações e também cooptou inúmeros governos, seja para atender interesses de uma classe política e econômica dominante, seja para solapar o poder de classes populares.

E tudo isso se dá sem muitos escrúpulos, uma vez que o sistema capitalista, embora seja responsável por muitas facilidades e melhoras na vida da humanidade, também é a porta de entrada da corrupção e da destruição de vidas, transformadas em números e cifras milionárias. Este é um dos pontos de partida do documentário do cineasta Michael Moore, democrata convicto e que se tornou famoso com as denúncias ácidas feitas ao comportamento em sociedade dos americanos e a relação entre mercado e política, apoiando-se em um modelo único e diferente de fazer documentários.

Aqui, Moore faz um apanhado geral, desde a década de 1970, para constituir a caminhada até a crise de 2008. Embora seja um crítico dos governos de Reagan e George W. Bush, Moore, propositalmente, relativiza e até minimiza os erros cometidos pelo seu correligionário Clinton. Embora essa visão enviesada seja um problema de Moore, e fonte de seus escândalos e polêmicas pessoais, o foco aqui é criticar a captura da vida das pessoas comuns por companhias que, na verdade, visam tão somente o lucro, e deixam rastros devastadores.

O cineasta mostra claramente como a indústria de apólices de seguros passou a especular com a morte de funcionários de empresas gigantescas, como a Walmart, e também como o sistema de financiamento de moradias nos EUA levou a um colapso da economia, causando um caos no qual muitos países ainda estão inseridos. Esse clima de pessimismo foi aumentado com as taxas crescentes de desemprego e consequente desindustrialização americana, já que a produção interna passou a ser mais custosa que a horizontalização da produção.

A corrupção no Congresso americano também fica evidenciada, já que o cineasta passa um pente-fino nas votações cruciais para as reformas econômicas do governo Bush, que foram responsáveis por tirar o fardo pesadíssimo dos papeis podres de bancos enormes – aqueles que conseguiram escapar da crise, na verdade. E essa relação entre mercado e política mostrada no documentário casa perfeitamente com os estudos de François Chesnais na obra A Mundialização do Capital.

Uma das ideias do pensador francês, e que fica bem evidente ao assistir o documentário de Moore, é a de que o capital global assume o poder de formas bem tácitas, mas sem deixar de ser feroz. É também o caso que vemos na atual eleição presidencial brasileira, quando o mercado financeiro responde oscilando sempre que uma nova pesquisa eleitoral sai. Embora a população mais necessitada sequer tenha noção dos males que a especulação causa, são essas bolhas especulativas as que mais geram problemas a nível institucional em um sistema político fragilizado e polarizado, como o brasileiro.

Como era de se esperar, essa relação transborda para a democracia, uma vez que os investimentos estrangeiros precisam estar alocados no país para que a produtividade local seja estimulada e a política econômica e cambial seja viabilizada. Estes aspectos, na eleição atual, ficam tão evidentes que há mesmo candidatos que debatem – ou tentam – introduzir políticas sobre câmbio, valorização e desvalorização de moeda, liberalização do mercado, protecionismo e desenvolvimentismo, ainda que não receba os holofotes de outras pautas.

Nos EUA, as ações para retomada do crescimento da economia tiveram efeitos políticos profundos, e que ajudaram a eleger um protecionista inveterado como Donald Trump. Nos trópicos, temos um projeto de um liberal de ocasião, contra desenvolvimentistas, o que pode gerar um futuro complicado para um Brasil fragilizado, pois se trata de agendas populistas, mudando apenas o fronte de batalha.

No dia 15 de setembro, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2007 como Dia Internacional da Democracia, tais indagações são pertinentes, e ajudam a formular reflexões profundas e bem concatenadas, no sentido de entender que a democracia, muitas vezes, não se trata da escolha da maioria. Mas sim de escolhas que já foram escolhidas por poucos, e que a maioria é induzida a escolher.

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