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Os exercícios militares russos sob a perspectiva da Teoria Realista


As atividades militares russas são exercícios de treinamento que acontecem periodicamente a cada quatro anos. Porém, desde a guerra fria não havia um exercício tão grandioso como o que ocorreu em setembro de 2018, no qual participaram a China e Mongólia com seus militares, veículos e aeronaves. Exercício este denominado VOSTOK – 2018.

A Rússia é um dos países que mais gasta com armamentos, logo, é notável a prioridade dada pelo presidente russo Vladimir Putin à modernização militar. O presidente visa com esses exercícios ao treinamento e à prática de toda sua potência armamentista.

Todo esse cenário de organização e demonstração de poder, sobretudo, militar, nos remete às premissas da Teoria Realista, a qual defende o Estado como ator unitário e racional (SARFATI, 2005), uma vez que no âmbito internacional o Estado enfrenta o mundo exterior como uma só unidade e utiliza de todas suas alternativas viáveis e capacidades existentes para atingir seus objetivos da forma mais eficiente possível, maximizando a utilidade de cada ação que venha a ter para alcançar o que pretende.

Maquiavel, pensador político que enfatiza a importância da segurança do Estado e sua sobrevivência (SALATINI, 2014), as quais têm sido demonstradas pelo então presidente russo no contexto atual. Putin tem mostrado ao mundo seu poderio bélico e que a Rússia está preparada para defender e assegurar seus territórios, não somente da área ocidental, mas principalmente do extremo oriente, pois têm sido alvo de ameaças já que o país é contra o aumento das potências asiáticas.

Outro ponto curioso em relação a essas atividades militares diz respeito à aproximação dos chineses e russos. Rússia é um país que possui um poder indiscutivelmente bélico, porém uma economia fraca. A China, por sua vez, é forte economicamente e fraca militarmente. Situação que nos remete à época da guerra do Peloponeso narrada por outro pensador realista, Tucídides. De acordo com Tucídides (2001), outra característica realista diz respeito às cooperações formadas entre Estados racional e estrategicamente para atingir interesses comuns. Mas vale ressaltar que a cooperação anda de mãos dadas com o conflito. Se hoje está tudo bem com a China e Rússia compartilhando desses treinamentos militares, em outro momento essa cooperação pode não mais existir. Até porque, numa visão realista, busca-se a paz quando for necessária ou a guerra quando esta for necessária.

Por fim, embora essas atividades militares russas aconteçam periodicamente, é visível o desconforto que o país tem causado no mundo todo, essencialmente em relação a OTAN, pois o país vive momentos de tensão com a organização desde a intervenção russa na Ucrânia. A OTAN afirma que a Vostok – 2018 mostra o foco da Rússia em se preparar para conflitos de grande escala além de mostrar também o governo de Vladimir Putin mais assertivo quanto à sua defesa e presença militar, ao passo que o porta – voz do Kremlin apenas disse que “sim, são exercícios importantes, mas fazem parte do trabalho anual de rotina para desenvolver as forças armadas”.

REFERÊNCIAS



BBC NEWS. Como serão os megaexercícios militares da Rússia, os maiores desde a Guerra Fria. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45483546>. Acessado em: 20 set. 18


SARFATI, Gilberto. Teoria de Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.

SALATINI, Rafael. Maquiavel e as Relações Internacionais nos discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Revista Prometeus. v. 7. nº 16, jul/dez. 2014.


RUSSIA BEYOND. Gastos militares da Rússia estão entre os 3 maiores do mundo. Disponível em: <https://br.rbth.com/economia/2017/04/25/gastos-militares-da-russia-estao-entre-os-3-maiores-do-mundo_750371>. Acessado em: 20 set. 18


THE DIPLOMAT. Vostok 2018: Russia and China’s diverging common interests. Disponível em: <https://thediplomat.com/2018/09/vostok-2018-russia-and-chinas-diverging-common-interests/>. Acessado em: 20 set. 18


THE GUARDIAN. Russia begins its largest ever military exercise with 300.000 soldiers. Disponível em: <https://www.theguardian.com/world/2018/sep/11/russia-largest-ever-military-exercise-300000-soldiers-china>. Acessado em: 20 set. 18


TUCÍDIDES. Trad. KURY, Mário da Gama. História da Guerra do Peloponeso. 4. ed. São Paulo: Universidade de Brasília, 2001. Disponível em: <http://funag.gov.br/loja/download/0041-historia_da_guerra_do_peloponeso.pdf>. Acessado em: 20 de set. 18.

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