top of page

Saúde para todos em qualquer lugar: relações entre o Dia Mundial da Saúde, a política brasileira e a


O dia 07 de abril é instituído no contexto da Organização Mundial da Saúde (OMS) enquanto o Dia Mundial da Saúde. Celebrado com o objetivo de fomentar discussões acerca da importância da saúde em uma escala global, o tema da campanha de 2018 possuía como slogan Health for All (Saúde para Todos), reforçando o caráter de promotor de justiça social, equidade e oportunidades no acesso para os diversos segmentos da sociedade internacional.

Tal posição é de extrema importância, tendo em vista os alarmantes dados apresentados pela OMS quanto ao alcance de suas ações. Segundo a organização, aproximadamente 50% da população global não recebe a totalidade dos serviços de saúde considerados necessários;

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável consoantes à saúde, embora ratificados por inúmeros Estados-membro (dentre eles o Brasil), ainda se mostram enquanto utopias para algumas regiões, o que leva indivíduos a pagar por serviços de saúde, levando cerca de 100 milhões de pessoas para abaixo da linha de extrema pobreza (pessoas que vivem com 1,90 USD ou menos) (WHO, 2017).

O tema da saúde vem se mostrando cada vez mais incluído nas agendas de discussão, tanto no cenário político-institucional quanto no cenário acadêmico. Jerermy Youde (2016) pontua que a saúde pode ser analisada, nas Relações Internacionais, de diferentes formas: desde a concepção de saúde como elemento da segurança nacional, em uma perspectiva de defesa, até a saúde enquanto um direito que deve ser assegurado aos indivíduos em todas as escalas, desde as regiões intranacionais até os acordos mais globais.

Autores antecedentes às Relações Internacionais, assim como teóricos já consolidados da área podem contribuir, do ponto de vista teórico, para a melhor compreensão da inserção e importância do tema.

A perspectiva utilizada neste texto é a do pós-modernismo. Enquanto campo teórico, este surge para questionar o caráter universal de muitos dos conhecimentos que são construídos e difundidos em ciências como as Relações Internacionais, considerando o “mundo real” como um conjunto de interpretações nas quais algumas são reforçadas com maior frequência que outras. Assim, qualquer informação, dependendo do contexto a qual esta se insere, pode ser considerada como verdade universal e inquestionável (RESENDE, 2010; MENDES, 2015).

Aplicadas às Relações Internacionais, as análises pós-modernas vem questionando fatos internacionais que se apresentam como naturais à realidade humana. Deve-se, a partir deste pensamento, enxergar as relações internacionais como um conjunto de interpretações e condições históricas que perpassam qualquer acontecimento, discurso de todos os atores da sociedade internacional (RESENDE, 2010).

Logo, tratar da saúde global, materializada em ações do Dia Mundial da Saúde, significa analisar com cautela as práticas discursivas que são construídas que possuem enquanto resultados as ações que são vistas em instituições como a OMS. Importante reforçar a validade de se estudar a construção dessas práticas de discurso, pois, como criar uma política sem algo que a embase?

Esse pensamento deve ser levado em consideração ao buscar traçar relações entre o Dia Mundial da Saúde e o atual cenário político brasileiro. Quais os discursos relativos a saúde são reforçados por candidatos, futuros legisladores, e a sociedade civil? Na verdade, a primeira pergunta que deve ser feita é: como a saúde está sendo vista por quem pode vir a governar uma das dez maiores economias do mundo?

As Relações Internacionais se inserem como privilegiadas nesta discussão, devido ao rico arcabouço teórico, o sólido diálogo para com outros campos do saber, reconhecendo que nenhuma área possui a totalidade dos conhecimentos necessários para analisar um fenômeno ou fato específico.

Um olhar contextual, que atente para variáveis econômicas, sociais, ideológicas, políticas, culturais, dentre outros se torna a cada dia mais relevante na atual conjuntura brasileira. Atentar para os discursos e como estes são inseridos na realidade a qual se experencia pode ser um primeiro passo para que a crença da saúde enquanto algo para todos e em qualquer lugar continue presente inserida na sociedade internacional


Referências:

MARWAHA, Nonika. World Health Day: 10 Promises You Should Make to Yorself This Year. Disponível em: https://www.ndtv.com/india-news/world-health-day-2018-10-promises-you-should-make-to-yourself-this-year-1834078. Acesso em 08 out. 2018.

MENDES, Cristiano. Pós-Estruturalismo e a Crítica como Repetição​. Revista Brasileira de Ciências Sociais​. 30 (88), 2005, p. 45-60. http//dx.doi.org/10.17666/308845-59/2015. Acesso em 05 jun. 2018.

RESENDE, Erica Simone Almeida. ​A Crítica Pós Moderna/Pós-Estruturalista nas Relações Internacionais​. Editora da Universidade Federal de Roraima. 2010. 98 p.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Universal Health Coverage (UHC). http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/universal-health-coverage-(uhc). Acesso em 08 out. 2018.

________________________. Universal Health Coverage: Everyone, Everywhere. 2018. Disponível em: < http://www.who.int/campaigns/world-health-day/2018/World-Health-Day-2018-Policy-Advocacy-Toolkit-Final.pdf>. Acesso em 08 out. 2018.

YOUDE, Jeremy. High Politics, Low Politics and Global Health. Journal of Global Security Studies​, 1(2), 2016, p. 157-170. doi: 10.1093/jogss/ogw001. Acesso em 26 mai. 2018.

Veja também
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Destaques

Um site que é a cara do curso de Relações Internacionais. 

Notícias do dia
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Redes sociais 
  • Instagram Social Icon
  • YouTube Social  Icon
  • Blogger Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Facebook page
Follow us 
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black Blogger Icon
bottom of page