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O que aconteceu com Jamal Khashoggi? A crise internacional criada em torno do desaparecimento do jor


No dia 2 de outubro, o jornalista e intelectual político Jamal Khashoggi, foi dado como desaparecido após entrar no consulado árabe, localizado na Turquia. Segundo a denúncia, ele teria ido ao local para obter a certificação de divórcio da ex-esposa, mas jamais teria saído do prédio, isto porque sua noiva, Hatice Cengiz, aguardou sua saída na porta do consulado o esperando por, pelo menos, 11 horas seguidas.

Nos primeiros dias após a denúncia do seu desaparecimento, autoridades turcas passaram a defender a hipótese do jornalista ter sido torturado e assassinado dentro do consulado saudita de forma planejada, surgindo também falas sobre a entrada de um grupo de 15 homens possivelmente do alto escalão do governo saudita armados, que teriam saído poucas horas depois, enquanto o governo saudita negou acusações e acesso ao prédio para investigações sobre o caso, citando a possibilidade de o jornalista jamais ter entrado no prédio.


Se, a grosso modo, o episódio de desaparecimento do jornalista dentro de um consulado na Turquia já parece suficientemente estarrecedor, a história passa a ter um novo rumo durante as duas primeiras semanas de investigação: desde a formação de uma prematura crise diplomática entre a Turquia e a Arábia Saudita, envolvendo acusações de autoridades turcas ao governo da Arábia Saudita; a criação de uma campanha de mobilização internacional e midiática; boicote de grandes corporações norte-americanas a favor de respostas sobre o desaparecimento, à pressão de outros países e organizações internacionais (ONU, Anistia Internacional, ONGs locais) por uma investigação internacional independente sobre o caso.


Mas, afinal de contas, quem foi o intelectual Jamal Khashoggi e por que esse caso é importante para compreender a Política Internacional na região? O saudita Jamal Khashoggi iniciou sua carreira como jornalista em 1983, atuando como colunista e comentador político de alto impacto na região, com uma longa lista de atuação em jornais, revistas e agências de notícias ao redor do mundo, entre elas, Middle East Eye, Washington Post, Al Arab News, Middle East Monitor, Al Mjalla, Al Wattan, Dubai TV, Al Jazeera.


Apesar de pertencer a uma família influente no país, por questões de segurança, o jornalista se mudou da Arábia Saudita em 2017, passando a morar em solo norte-americano, mas mantendo seus posicionamentos pró-democracia e crítico à atuação do regime saudita na guerra do Yemen, contra padrões de repressão política, a favor de reformas no país e na crítica aos acordos armamentistas com o governo Trump.


No que se refere à busca por respostas efetivas sobre o caso, é importante destacar o papel das corporações midiáticas e das organizações não-governamentais, responsáveis por um incansável trabalho de mobilização internacional, cuja repercussão já ameaçou o cenário econômico de investimentos no país (com o boicote financeiro de empresários e organizações midiáticas que já somam cerca de US$ 1 bilhão) e fragiliza a recente imagem reformista-positiva fomentada pelo governo da Arábia Saudita no ocidente.


Aplica-se aqui, com êxito, o reconhecimento do que Gilboa (1987) classifica como diplomacia midiática, definida pelo autor como a influência e o uso das redes de comunicação internacionais nas decisões, planejamentos e propagandas estatais, que no caso de Jamal Khashoggi exerce um papel constrangedor e instrumental, na medida em que busca agilizar a tomada de decisões que em curto prazo tragam respostas dos governos sobre o desaparecimento do jornalista.


Considerado uma figura de alto reconhecimento dentro e fora do continente, seu desaparecimento se torna centro da discussão sobre sumiços, execuções e prisões de opositores e jornalistas críticos aos quais organizações como a Anistia Internacional e as Nações Unidas acusam o regime Saudita; ao mesmo tempo, o caso Jamal Khashoggi traz um alerta, que nos leva a refletir: até que ponto cidadãos imigrantes devem se considerar seguros em outra região do globo, se atualmente correm risco de vida dentro do consulado do seu próprio país de origem?

Referências:

G1, Por que Trump resiste a criticar a Arábia Saudita pelo desaparecimento de um jornalista opositor? In:< https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/10/12/por-que-trump-resiste-a-criticar-a-arabia-saudita-pelo-desaparecimento-de-um-jornalista-opositor.ghtml> Acesso em 13 de out, 18:34, 2018.

GILBOA, Eytan. American public opinion toward Israel and Arab-Israeli conflict. Lexington: Lexington Books, 1987.

The Economist, How Free Expression is supressed in Saudi Arabia. IN <https://www.economist.com/open-future/2018/07/26/how-free-expression-is-suppressed-in-saudi-arabia> Acesso em 13 de out, 19:00, 2018.

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