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Dia Internacional da Tolerância a partir de estudos culturais


Fonte: Prefeitura Municipal de Imperatriz (2017)

O Dia Internacional da Tolerância acontece todo ano em 16 de novembro, com o objetivo de promover o bem estar, o progresso e a liberdade de todos os cidadãos, assim como: fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações; estimulando o combate a qualquer tipo de intolerância e preconceito, seja ele religioso, sexual, econômico ou cultural. Com a globalização, a pluralidade cultural que existe no mundo se tornou ainda mais interligada, exigindo uma maior compreensão das pessoas em respeitar os diferentes modos de viver de cada cidadão. Isso significa que devemos aprender a conviver com as diferenças e, principalmente, respeitá-las.

A data foi estabelecida em 1996, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A ideia surgiu a partir do Ano das Nações Unidas para a Tolerância, em 1995, decidida e programada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura - UNESCO.

Para apresentar a discussão sobre tolerância, é preciso entender os conceitos dos estudos culturais. Há uma metáfora que afirma que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo, portanto, sempre haverá a possibilidade de que cada lente afetará o ponto de vista de cada indivíduo e, consequentemente, sua forma de avaliar será distinta de outras versões do mesmo fato.

A perspectiva desenvolvida por Claude Lévi-Strauss, "que define cultura como um sistema simbólico que é uma criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido o de descobrir na estruturação dos domínios culturais: mito, arte, parentesco e linguagem”.

A cultura é mutável, e quando entramos em comunicação com outras sociedades e culturais por vezes, pode influenciar nosso modo de viver e nossa cultura. Assim sendo, o contato muitas vezes, estimula a mudança mais brusca, geral e rápida do que as forças internas. Podemos agora afirmar que existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultante da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com um outro. (LARAIA, 2011)

Dessa maneira, introduzir os estudos de Roque de Barros Laraia (2001) é importante quando ele diz:

A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isto, discriminamos o comportamento desviante. Até recentemente, por exemplo, o homossexual corria o risco de agressões físicas quando era identificado numa via pública e ainda é objeto de termos depreciativos. Tal fato representa um tipo de comportamento padronizado por um sistema cultural. Esta atitude varia em outras culturas. Entre algumas tribos das planícies norte-americanas, o homossexual era visto como um ser dotado de propriedades mágicas, capaz de servir de mediador entre o mundo social e o sobrenatural, e portanto respeitado. Um outro exemplo de atitude diferente de comportamento desviante encontramos entre alguns povos da Antigüidade, onde a prostituição não constituía um fato anômalo: jovens da Lícia praticavam relações sexuais em troca de moedas de ouro, a fim de acumular um dote para o casamento. (ROQUE, Laraia. Pág. 35 e 36).

A partir disso, é essencial apresentar dois conceitos que podem auxiliar na discussão sobre tolerância. Primeiro o conceito de etnocentrismo, que consiste em uma forma de julgamento de uma cultura oposta utilizando a sua cultura materna como padrão, interpretando-a como a mais correta de convívio em sociedade, isso acontece porque existe uma cultura como parâmetro e, geralmente, é a do próprio sujeito, que consequentemente a considera natural e a certa a se seguir.

Nessa perspectiva, é primordial trazermos para a discussão o conceito de Alteridade, onde a partir disso enxergamos “o outro”, quando o indivíduo aceita que há estado ou qualidade que se constitui através de relações de contraste, distinção, diferença com o outro, é entender que existe seres diferentes de mim, que são externos à minha pessoa.

É fundamental também comentar sobre as novas identidades que estão ganhando voz após um mundo globalizado e mais plural, fruto da mudança de cultura novos aspectos e escolhas de vida estão se tornando comum em sociedades tradicionais. Em suma, são as velhas identidades que por muito tempo estabilizaram o mundo social, que agora decaem e deixam surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo pós-moderno/contemporâneo. Um deslocamento de estruturas e processo centrais das sociedades modernas, abalando as referências sociais.

Por conseguinte, é imprescindível apresentar alguns efeitos descritos pelo autor Stuart Hall (2003), que são gerados a partir desse choque de culturas: primeiro, o sujeito pode sofrer um processo de homogeneidade cultural, quando em contato com outras culturas, o indivíduo passa a aderir elementos culturais provindos de uma cultura externa a sua própria, apresentando semelhança de estrutura e, muitas vezes até perdendo alguns elementos culturais de si próprio.

Por outro lado, há também o processo chamado de hibridismo, quando o indivíduo insere elementos culturais externos, no entanto, sem perder sua essência, são “misturadas” culturas diferentes. Processos que atravessam fronteiras integrando e conectando comunidades são chamados de processos globais e com isso as identidades nacionais se desintegram e dão lugar às novas identidades, que são híbridas. No entanto, quando há esse contato de culturais diferentes uma outra reação pode ser percebida também, uma posição de conservadorismo, numa tentativa de preservação da sua própria identidade ou de uma identidade nacional. O que pode explicar casos de intolerância e não aceitação da identidade do outro.

Desse modo, é preciso conhecer a cultura e a identidade do outro, pois o medo pela mudança e pelo estranho gera reações negativas e repulsas. Está claro que para combater a intolerância é importante educação, se o “outro” não é reconhecido como estranho, ele não se torna uma ameaça. É preciso estabelecer uma convivência respeitosa devido ao grau de comunicação em que as sociedades atuais se encontram, um relacionamento harmonioso é fundamental para o estabelecimento da paz no mundo.

Referências

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2001.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

CALENDARR. Dia Internacional da Tolerância. Disponível em: <https://www.calendarr.com/brasil/dia-internacional-da-tolerancia/> Acesso em: 13/11/2018.

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