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O Show de Truman

Data de lançamento: 30 de outubro de 1998

Diretor: Peter Weir

Elenco: Jim Carrey, Laura Linney, Natascha McElhone e mais

Gêneros: Drama, Comédia , Ficção científica

País: EUA

O Show de Truman é uma obra que, revista e revisitada hoje, parece uma peça de museu que tem dois objetivos bem claros e que consegue atingir com maestria; uma é a de mostrar um passado não tão distante, quando câmeras por todos os lados estavam surgindo e reality shows eram apenas uma ideia brilhante na mente de empresários, e a outra é a de causar reflexão à medida que aborda, muito inteligentemente, a exposição que fazemos de nós mesmos e, de certa forma, como nos vemos em um mundo no qual, não raramente, parecemos ou queremos ser o centro das atenções.

Como não podia deixar de ser, o filme acompanha a trajetória e a tomada de consciência de Truman Burbank, um empregado de uma empresa de apólices de seguro, o qual, sem saber nem questionar-se, é a estrela de um programa de televisão que transmite sua vida 24 horas por dia, 7 dias por semana. Por isso, a longevidade do programa é também a chave de seu sucesso, pois os telespectadores criaram laços afetivos com a estrela do programa, a qual está confinada em um mundo onde tudo pare cronometrado, mas que, na surdina, é um verdadeiro domo, no qual micro câmeras e atores são responsáveis por entreter tanto Truman como quem o assiste.

Ao longo de mais de 10.000 dias ininterruptos no ar, as pessoas foram testemunhas do crescimento, do amadurecimento – e da mudança física e comportamental de Truman, que não imaginava que vivia um sonho, algo falso. A obra se vale de tomadas inteligentes e mudanças na direção de arte que criam ambientes fantasiosos, cujo design de produção é um caso à parte, pois em todos os ambientes há produtos que são usados no merchandising e dialogam bem com a proposta de um mundo ‘perfeito’.

Os melhores amigos de Truman, assim como sua esposa, são apenas atores, instados ali a entreter, somente. Mas, no fundo, Truman não é apaixonado por sua esposa Merryl (também uma atriz), mas sim por um personagem que fora retirado de sua vida arbitrariamente, e que tentou denunciar a realidade ao personagem principal do filme, a personagem Lauren. Nas cenas em que a relação dos dois se desenvolve, somos sempre reportados a flashbacks de Truman, que misturam edições de imagens do programa e suas próprias memórias.

Aí, temos a relação de criatura, Truman, e seu criador, o diretor Christof. E a relação umbilical que liga os dois é um trunfo do filme, uma vez que Jim Carrey (Truman) e Ed Harris (Christof) sequer chegam a contracenar juntos, mas o roteiro e os diálogos são tão bem encaixados que as cenas em que há interação dos dois parece fluida e original, sem recorrer a tecnicalidades cênicas dos dois atores.

E este também é outro trunfo do filme, principalmente do trabalho do diretor Peter Weir, pois consegue dosar a veia cômica de Jim Carrey, um humorista de primeira linha, sem deixar o ator recorrer a um dramalhão. Por isso mesmo, a atuação de Carrey consegue nos fazer rir quando é para rir, e nos emociona quando o objetivo é emocionar. Mas sempre nos dando pistas de como o personagem irá agir, ‘pensando fora da caixa’.

Em 1998, a ideia de reality shows era ainda um pouco turva, e a noção de acompanhar alguém por câmeras era mais ligada ao big brother de 1984, de George Orwell. Mas, para além dos efeitos mercadológicos que modificaram a TV, também existe uma reflexão crítica a respeito dos limites da privacidade, da produção de verdades e do controle sutil e poderoso do pensamento. São estruturas organizadas de forma a criar dependência, mas, tão sutis, que criticá-las nos faz duvidar, em primeiro lugar, da nossa sanidade.

E tais reflexões são a força motriz do filme, que é um grande conjunto de detalhes que ‘explodem nossa cabeça’. Trata-se de uma obra premiadíssima, em Oscar, BAFTA e Globo de Ouro, que envelheceu muito bem, sendo possível fazer analogias, partindo dela, com reality shows até mesmo a superexposição da sociedade do espetáculo, tão em voga com as redes sociais e as mudanças na relação entre mídia e pessoas.




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