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Operação Final


Data de lançamento: 3 de outubro de 2018

Direção: Chris Weitz

Elenco: Oscar Isaac, Ben Kingsley, Mélanie Laurent e e mais

Gêneros: Drama, Histórico, Suspense, Biografia

Nacionalidade: EUA

Ao retratar histórias extensivamente documentadas, amplamente noticiadas e estudadas, muitos filmes se veem numa encruzilhada perigosa. Ou retratam os fatos tal qual aconteceram, apostando suas fichas na dramatização e num roteiro que dê conta dessa missão, correndo o risco de cair no ‘mais do mesmo’, ou até pior, criar uma obra que é um fim em si mesma, ou permitir-se esticar os fatos, adaptá-los, deixando cair no colo dos roteiristas a complicada tarefa de coordenar uma adaptação que não se prive de contar a história como ela é, mas sem necessariamente criar uma obra fantasiosa e dependente de estrelas ou malabarismos técnicos e de direção.

A segunda opção é descaradamente o caminho adotado pelo diretor Chris Weitz e o roteirista Matthew Orton, os quais conseguem, em pouco mais de duas horas, contar a captura – não o julgamento ou a pena – de Adolf Eichmann, que fora o grande responsável pelo Holocausto na Segunda Guerra Mundial. No primeiro ato, somos apresentados a uma breve história de sua vida pregressa, e como está sendo sua convivência na Argentina, país no qual muitos nazistas se refugiaram e contaram com a ajuda de membros do governo local para estabelecer-se. Lá, Eichmann trabalha numa fábrica de automóveis, vivendo sem os holofotes de outrora, e com um novo nome: Ricardo Klement.

Sua família também é retratada de modo pacato e simples, mas seu filho, Klaus, ao iniciar um affair com a jovem Sylvia Hermann, de família judia e ela própria também, é o grande responsável por ‘entregar’ seu pai, ainda que não o quisesse fazê-lo. A jovem Sylvia, ao conhecer a família de seu namorado, tem a certeza de que o pai de Klaus é, sim, Adolf Eichmann, suspeita que pairava sua mente desde que levou o jovem para um jantar em sua residência, e quando o acompanhou em uma reunião política de simpatizantes do nazismo. Com tantas evidências, era chegada a hora de avisar as autoridades israelenses, as quais relutaram bastante até ceder à pressão e partir para a captura de Eichmann.

Neste ponto, o filme caminha mais rápido que deveria, mas é explicável porque o objetivo dele é contar a captura e as tratativas da mesma, sempre em observância ao roteiro, que é bem costurado e coerente. Contudo, a força-tarefa encabeçada pelo agente da Mossad Peter Malkin, é retratada com uma mistura de descrença e confiança, muito por conta das atitudes dos superiores, no caso do inspetor Isser Harel, que é sempre contrastada pelo otimismo dos agentes Rafi, Hanna e do próprio Malkin, que conseguem, após muita discussão, pôr em prática o plano de raptar Ricardo Klement, o verdadeiro Adolf Eichmann.

No segundo ato do filme, a trama passa a adicionar mais elementos de suspense, porque a família do nazista empreende uma busca à sua procura, com a ajuda de simpatizantes políticos, além de contar com os infortúnios do imprevisível, como um problema com o avião, que retarda a saída dos agentes e Eichmann por mais de uma semana. Nesse ínterim, toda o entourage da Mossad busca manter o low profile, sem serem percebidos, assim como querem a assinatura de Eichmann, aceitando os termos de seu julgamento e a anuência com a ida à Israel.

Aqui, a direção de arte, a fotografia e Chris Weitz sabem dosar a quantidade de elementos visuais e narrativos para ditar o andamento do filme, porque o cosmos da obra é reduzido e há várias cenas em que os agentes da Mossad discutem entre si e buscam obter o que querem de Adolf Eichmann, num momento no qual a obra gravita entre estes dois núcleos, com o suspense a respeito de serem descobertos à espreita. Então, sobressai-se o ótimo trabalho de Oscar Isaac, ator por trás de Peter Malkin, e o inconteste Ben Kingsley, que interpreta Adolf Eichmann. Os diálogos entre os dois não caem na mesmice, e até há mesmo a construção de uma fina relação aí, sem humanizar Eichmann, e muito menos sem Malkin relativizar a morte de sua irmã, cujo culpado era exatamente o homem que estava na sua frente.

Já em Israel, a apreensão e a esperança andavam de mãos dadas. Primeiro porque o plano, tal qual havia sido concebido, estava passando por mudanças que precisavam de respostas rápidas, e segundo porque o julgamento de Adolf Eichmann serviria para mostrar ao mundo os horrores cometidos pelos nazistas, promovendo a justiça, e, acima de tudo, mandando um recado claro àqueles que simpatizavam com a ideologia criminosa e cruel do nazismo. Passado o tempo até o dia da partida dos agentes e do criminoso, o plano é posto em prática de modo ágil, com todos os documentos forjados e todos com a roupa de comissários de bordo.

O contratempo fica por conta da permissão de decolagem, que um oficial da polícia, e simpatizante do nazismo, retira da torre de comando, mas, como o final do filme já se avizinha, é uma tensão que rapidamente passa, e, mais uma vez, o roteiro se mostra capaz de resolver inteligentemente os problemas que ele mesmo cria, sem fazer-nos indagar que é, de fato, um erro da narrativa. O erro aqui é supor que o filme é focado em Eichmann somente, e as cenas em que o mesmo aparece com roupas nazistas ou a serviço do regime de Hitler são sempre na qualidade de flashbacks, e, ainda assim, retratam os horrores que ele cometeu ou ajudou a cometer.

Eichmann foi condenado em 1962, e sua pena de morte foi por meio de enforcamento. Em seguida, foi cremado e suas cinzas foram lançadas ao mar, para que jamais tivesse onde repousar. A obra, no entanto, destaca o brilhante trabalho de inteligência e coordenação das forças especiais de Israel, contando uma história que tem um significado muito forte, tanto pelo que fora feito contra os judeus, mas sobretudo para mostrar como o Estado de Israel era capaz de ser agente de sua própria história, num contexto em que sua criação era recente e uma nova ordem mundial se seguia.

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