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Importância das empresas no cenário internacional


Com o avanço da globalização, a visão estadocentrica do realismo fica cada vez mais ineficiente para explicar os movimentos no cenário internacional. Desconsiderar o papel das transnacionais e seu poder de influência na tomada de decisões apenas nos permite ver uma pequena parte do grande tabuleiro de relações internacionais.

Um exemplo prático disso é o que foi observado nos últimos dias quando as lideranças de duas gigantes do ramo automotivo, Volkswagen e Ford, anunciaram uma aliança global, que, segundo os próprios presidentes das empresas, iria tornar sua produção mais eficiente a partir 2023, tendo um foco no mercado da América do sul, África e Europa. A Volkswagen, que tem grande força no Brasil, apresentou só em 2017 um faturamento de mais de 170 bilhões de euros, e a Ford, com sua linha de picapes de médio porte, como o Ranger, atingiu no mesmo ano 36,5 bilhões de dolares.

Por si só, o capital bilionário de ambas já garante um poder de influência grande no cenário internacional, tal poder de barganha permite manobras no âmbito comercial. Grandes conglomerados tem força para, por exemplo, dominar a indústria em uma região, ou qual receberá novas fábricas, tudo girando em volta de seu capital, pois, uma simples montadora em uma localidade gera empregos e impulsiona o movimento de recursos financeiros. Além disso, os produtos que saírem da montadora estarão carregando a marca de uma empresa reconhecida mundialmente, o que agrega um percentual ainda maior no valor demandado para a obtenção do produto, ou seja lucro.

As teorias realistas, em sua grande maioria, se encontram limitadas em uma análise de fenômenos relativos ao mercado, pois sua visão focada no Estado não permite perceber o poder em jogo no mercado, o que já fica mais visível através do pensamento de Keohane e Nye.

Eles consideram a emergência de atores autônomos, os quais dispõem de sua própria agenda e política externa. As grandes empresas são um exemplo disso. Durante a aliança global da Volkswagen com a Ford, para atender os objetivos do planejamento para 2023, novas fábricas poderão ser criadas e os Estados irão tentar trazê-las para si. Nisso, as empresas poderão escolher qual seria mais lucrativo e se adequaria mais às necessidades da aliança, como pela qualidade de rotas de escoamento ou também por mão de obra e material prima mais acessível.

Na sua teoria do tabuleiro tridimensional, Nye denominou a segunda camada como a de âmbito econômica, na qual o jogo de poder tem uma influência considerável de grandes conglomerados e empresas transnacionais. Já que o avanço tecnológico e econômico das nações tem ligação direta com as empresas que se alojam em seu território.

Em suma, o mundo globalizado possui uma trama de relações a qual não é vislumbrada de maneira eficiente usando apenas a visão realista. O neoliberalismo taz uma ótica que demonstra a complexidade e a interdependência do sistema internacional, no qual uma aliança como a feita pela Volkswagen e pela Ford tem um peso que, mesmo não se tratando diretamente de estados, deve ser considerado em análise.







Referências:




SARFATI, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.

<https://www.ford.com.br/sobre-a-ford/historia/> acesso em 15 de janeiro de 2019

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